
Certame iniciado em 1946 consolidou a pecuária de corte e leite no Vale do Paraíba fluminense, simbolizando a transição econômica da região

Barra do Piraí – No coração do Vale do Paraíba fluminense, a economia rural passou por uma transformação decisiva a partir da década de 1940. O café, que no século XIX projetara riqueza e fama para a região, cedia espaço às pastagens e à criação de bovinos. Foi nesse contexto que nasceu, em 1946, a Exposição Agropecuária Sul-Fluminense, evento que se tornaria um marco da nova vocação produtiva local, reunindo produtores de diversos municípios e consolidando o protagonismo da pecuária.
Um palco para a nova economia rural

Já em sua sexta edição, em 1951, a feira era tratada pela imprensa como um dos principais acontecimentos do Estado do Rio de Janeiro. O evento oferecia venda a prazo de tratores e reprodutores, distribuição de sementes a preço de custo e estandes técnicos de assistência. O governo fluminense ressaltava o certame como espaço essencial para o “aprimoramento da produção e criação”, reforçando a guinada da economia regional em direção à pecuária de corte e de leite.
Das xícaras às pastagens

O processo de mudança não foi imediato. O Vale do Paraíba já enfrentava crise no café desde o fim do século XIX, causada pelo esgotamento dos solos e pela mudança do eixo produtivo para o interior paulista. Nesse cenário, a exposição de Barra do Piraí consolidou-se como vitrine e catalisador da pecuária, inserindo a região no novo ciclo agropecuário e, mais tarde, industrial.
Prestígio político e integração regional

Nos anos 1950, o certame recebia governadores, ministros e lideranças nacionais, evidenciando sua relevância político-econômica. Em 1951, por exemplo, o governador Amaral Peixoto e o ministro da Agricultura participaram da abertura, reforçando a centralidade da mostra na agenda pública do Estado.

Legado

Prestes a completar 79 anos em 2025, a Exposição Agropecuária Sul-Fluminense deixou como legado a institucionalização da pecuária, a modernização do campo e a criação de uma rede regional de produtores. Mais do que uma festa rural, foi — e continua sendo — um termômetro das transformações econômicas do Vale do Paraíba, do ocaso do café ao fortalecimento da pecuária e da indústria.
Fotos do acervo particular – Ronaldo Ayres
Fontes consultadas (jornais e estudos)
A Manhã (RJ), ago. 1951 — cobertura da VI Exposição, com medidas oficiais para venda de tratores, reprodutores, sementes e assistência técnica. (Hemeroteca PDF)
Imprensa fluminense (1951) — notas sobre a “Exposição Agropecuária e Industrial do Sul Fluminense”, pavilhão industrial e significado econômico regional. (Hemeroteca PDF)
Cobertura de 1951 sobre inauguração com presença do governador Amaral Peixoto e autoridades (VI Exposição).
Documentos municipais e acadêmicos que fixam o início do certame em 1946 e descrevem sua função no pós-café. (Portal de Acesso UFF; sigaceivap.org.br)
Estudos históricos sobre a decadência do café e a virada para a pecuária no Vale do Paraíba fluminense. (Instituto de Economia Unicamp; Revistas USP)
Observação: a Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional mantém diversos cadernos com menções à Exposição ao longo das décadas, incluindo registros fotográficos e chamadas de edições de 1947–1951; os itens citados acima ilustram a cobertura e o espírito do certame no período de transição econômica. (Memória BN)
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Ronaldo José
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