Na entrada da estrada, no rumo da Califórnia,
Ergue-se em silêncio a velha morada,
De pau-a-pique, barro e lembrança,
Guardando memórias de gente passada.
Ali, famílias teceram seus dias,
Risos e preces no alvorecer,
Sonhos bordados em paredes frágeis,
Histórias que o tempo tenta esquecer.
As paredes rachadas, agora cansadas,
Sussurram segredos do ontem vivido,
Mistérios do Turvo, contos guardados,
Em cada fresta, um passado escondido.
Mas o tempo é implacável, traz o abandono,
A casa, aos poucos, se entrega ao chão,
Levando com ela um pedaço do povo,
Da cultura, do sangue, do coração.
Oh, Barra do Piraí, ouça este clamor:
Não deixem ruir o que nos faz ser,
Pois cada parede, cada dor,
É parte da história que deve viver.
Preservem a casa, símbolo e raiz,
Tesouro de um tempo que o vento levou.
Que o futuro conheça, que o presente valorize
O mistério e a história que ali ficou.
Se o barro cair, que reste o legado,
A memória viva do que fomos um dia.
A velha casa de pau-a-pique é patrimônio,
É cultura, é vida, é nossa poesia.