
No último dia 18 de agosto, data emblemática para as Comunidades Terapêuticas do Brasil, o deputado federal e pastor Henrique protagonizou uma fala polêmica e profundamente ofensiva contra instituições que há décadas trabalham na recuperação de dependentes químicos em todo o país. Suas declarações, que equiparam as comunidades terapêuticas a “manicômios”, geraram indignação entre familiares, ex-pacientes, líderes religiosos e entidades de acolhimento.
O parlamentar, em discurso público, afirmou que as comunidades terapêuticas não são espaços adequados para o tratamento de pessoas em sofrimento pelo uso abusivo de álcool e drogas. Em sua fala, ele defendeu o fim dessas instituições, alegando que nelas existiriam práticas de “tortura, cárcere privado, trabalho forçado, fanatismo religioso e até mortes”. No entanto, em nenhum momento apresentou provas concretas ou documentos que sustentassem tais acusações.
O que causa estranheza é a escolha proposital da data: 18 de agosto é reconhecido como o marco da fundação da Confederação Nacional de Comunidades Terapêuticas (Confenact), em 18 de agosto de 2012, que congrega milhares de instituições sérias, legalizadas e comprometidas com a transformação de vidas. A fala de Henrique, portanto, soou como um ataque direto a uma rede que representa esperança para inúmeras famílias brasileiras.
A importância das Comunidades Terapêuticas

Atualmente, existem cerca de duas mil comunidades terapêuticas espalhadas pelo Brasil, desempenhando um papel fundamental no combate à dependência química. Muitas dessas instituições surgiram por iniciativa de igrejas, associações civis e grupos comunitários que, diante da insuficiência do Estado, passaram a oferecer acolhimento, disciplina, espiritualidade e acompanhamento social.
É evidente que qualquer denúncia deve ser apurada. Entretanto, generalizar e tentar extinguir um modelo que já resgatou milhares de vidas é uma postura irresponsável e desrespeitosa. Diversos relatos de pessoas recuperadas comprovam que as comunidades são espaços de acolhimento, fé e reconstrução de dignidade.
Espiritualidade e recuperação

Outro ponto alarmante da fala do deputado é o ataque à espiritualidade presente nas comunidades. Estudos mostram que a fé e a religiosidade desempenham papel essencial no processo de reabilitação. A tentativa de desqualificar esse aspecto revela uma postura ideológica que ignora a realidade vivida por pacientes e famílias.
A necessidade de ação
Diante da gravidade das declarações, é urgente que o Ministério Público seja provocado. Pessoas que foram recuperadas, familiares que vivenciaram o processo e entidades representativas precisam se manifestar formalmente contra o discurso irresponsável do deputado. Não se trata apenas de proteger instituições, mas de defender um legado de amor, solidariedade e reconstrução de vidas.
Comunidades terapêuticas não são manicômios. São espaços de fé, trabalho social e esperança. É inadmissível que um representante do povo, ainda mais alguém que se apresenta como pastor, desqualifique sem provas uma rede que luta diariamente contra uma das maiores chagas da sociedade brasileira: a dependência química.
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Ronaldo José
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