Senhor Ronaldo, proprietário do Sítio São Gabriel, com 12 alqueires de terra, localizado na estrada de São José do Turvo — via que liga Dorândia a São José do Turvo —, nos relatou sua realidade. Ele tem dois filhos, um casal. O menino precisou deixar a propriedade porque, segundo Ronaldo, não havia condições de permanecer na lida diária sem nenhum recurso.
Hoje, ele vive e trabalha no sítio apenas com sua filha. Sozinho, cuida dos 12 alqueires de terra. Mantém uma criação de subsistência com galinhas e porcos, além de 30 vacas que lhe permitem retirar cerca de 100 litros de leite por dia. Também possui 15 novilhas de corte.
Ronaldo conta que faz todo o trabalho: roçada, manutenção, cuidados com o gado e com a terra. Mas lamenta profundamente as dificuldades que enfrenta. Ele relata ter tentado diversas vezes acessar créditos rurais para ampliar sua produção, melhorar suas condições de trabalho e oferecer uma vida mais digna para sua família — mas nunca obteve sucesso.
Ao mencionar o filho, seu semblante mudou. A tristeza era evidente, como alguém que viu o próprio filho se afastar por falta de condições para mantê-lo na roça.
Senhor Ronaldo emocionada fás Apelo:
É urgente que as autoridades revejam os processos de crédito rural, tornando-os menos burocráticos, mais acessíveis e, sobretudo, mais rápidos. Cada dia de espera é um dia de perda: perda de produção, de sustento e, principalmente, de famílias que se veem obrigadas a abandonar a roça em busca de oportunidades que deveriam existir onde nasceram. Facilitar o acesso ao crédito é garantir que pais como o senhor Ronaldo não precisem assistir seus filhos partindo por falta de condições. É preservar o campo, a produção de alimentos e a dignidade de quem trabalha de sol a sol para manter o Brasil alimentado. Ele reforça apelo às autoridades de Barra do Piraí, secretária de Agricultura, para que facilitem o acesso aos créditos rurais, destacando que seu leite é totalmente orgânico, sem qualquer tipo de equipamento para aumento da produção ou uso de medicamentos.
No final da entrevista, demonstrou ainda mais tristeza ao afirmar que é uma pena que o Brasil ainda não tenha se conscientizado de que a lavoura precisa ser bem equipada para que as cidades tenham alimentos em fartura. A migração dos jovens para a cidade, segundo ele, reduz a mão de obra no campo e, como consequência, falta alimento.
Ronaldo roga a Deus para que os jovens retornem à lavoura, que voltem à labuta, para que todos possam produzir alimentos e, acima de tudo, manter unidas as famílias, que hoje, infelizmente, sofrem com a distância e as dificuldades que afastam pais e filhos do campo.