O 13 de maio, data da assinatura da Lei Áurea em 1888, é frequentemente celebrado como o fim da escravidão no Brasil. Contudo, para muitos, especialmente para a população negra, essa data carrega um peso maior: o da reflexão sobre uma abolição incompleta, marcada pela ausência de políticas públicas que garantissem dignidade, reparação histórica e inclusão social. A “liberdade” proclamada há mais de um século libertou os corpos, mas não rompeu as correntes da desigualdade. Sem moradia, sem acesso à educação e ao trabalho digno, milhares de ex-escravizados foram jogados às margens da sociedade — uma herança que ainda ecoa nos dias de hoje.
O racismo estrutural permanece visível em todos os espaços: nos presídios, onde a maioria dos detentos é negra; nas ruas, onde a população em situação de rua é majoritariamente negra; nas empresas, onde profissionais negros recebem salários menores que colegas brancos, mesmo exercendo a mesma função. Em cidades como Barra do Piraí, a ferida da desigualdade também se expressa na fragmentação do próprio movimento negro, muitas vezes enfraquecido por disputas internas e vaidades que impedem a construção de uma luta coesa.
Diante desse cenário, surgem perguntas urgentes: o que devemos fazer, nós, negros, para sermos reconhecidos com justiça e alcançarmos a reparação que nos é devida? Como enterrar de vez o preconceito que insiste em nos dividir? A fé nos mostra caminhos de união. A Bíblia nos ensina que Deus libertou Seu povo do cativeiro, pois a liberdade é direito sagrado. Se a religião pode nos unir em um só propósito — o amor ao próximo e à justiça — por que não nos reunirmos também como seres humanos em busca de igualdade, independente da cor ou da crença?
Fica aqui o convite à reflexão e à ação: que o 13 de maio não seja apenas um marco histórico, mas um impulso para a reconstrução da liberdade verdadeira — aquela que se vive na prática, no respeito mútuo e na dignidade para todos.